O presidente da Câmara Federal, Hugo Mota (Republicanos-PB), empregou em seu gabinete quatro parentes de políticos de seu partido.
Entre eles está a funcionária fantasma Louise Lacerda, que cursava medicina em tempo integral e chegou a morar no Rio Grande do Norte mesmo contratada para trabalhar na Paraíba.
Os quatro funcionários são parentes de vereadores, de um ex-vereador e de uma deputada estadual na Paraíba. Eles estiveram empregados no gabinete de Motta em 2025, sendo que dois deles deixaram os cargos nos primeiros meses do ano.
Motta não comentou a contratação dos parentes dos políticos. O presidente da Câmara, procurado com questionamentos sobre os funcionários fantasmas, afirmou que “preza pelo cumprimento rigoroso das obrigações dos funcionários de seu gabinete, incluindo os que atuam de forma remota e são dispensados do ponto dentro das regras estabelecidas pela Câmara”.
O presidente da Câmara mandou demitir 2 das 3 servidoras citadas na Folha de São Paulo em reportagem publicada na terça-feira (15), mas a decisão ainda não foi divulgada no boletim da Câmara. Motta não respondeu aos contatos da Folha desde então.
Apontada como funcionária fantasma, Louise Lacerda continua com o cargo no gabinete. Ela é filha de Marcílio Lacerda (Republicanos), ex-vereador do município de Conceição, e sobrinha do ex-prefeito da cidade Nilson de Lacerda (Republicanos).
Além deles, dois vereadores emplacaram parentes no gabinete de Motta.
Emilia Monteiro é filha da vereadora Lucinha de Milson (Republicanos), que está no terceiro mandato como vereadora em São João do Tigre, cidade no sertão paraibano a quase 300 km de João Pessoa, capital do estado. Ela recebe R$ 3.200 por mês e está no posto desde agosto de 2019.
Outra vereadora paraibana do Republicanos com uma parente no gabinete de Motta em 2025 é Ybérica Nunes, que exerce mandato em Mãe D’Água, cidade a 37 km de Patos (PB), berço político da família do parlamentar.
Sua mãe, Maria Lucena, esteve lotada no gabinete de Motta entre março de 2013 e maio deste ano, com rendimento de R$ 3.100 mensais.
O Republicanos é a maior força na Assembleia Legislativa da Paraíba, com oito deputados estaduais. Um deles é Danielle do Vale (Republicanos). O seu irmão, Francisco Claudino Rodrigues Neto, teve um cargo no gabinete de Motta de junho de 2018 a janeiro deste ano, com renda total de R$ 7.200 mensais.
Francisco passou a trabalhar para Motta no ano seguinte que sua irmã virou secretária de Finanças de Mamanguape (PB), cidade a 50 km de João Pessoa (PB). Na época, a prefeita era Maria Eunice Pessoa, mãe de Danielle e Francisco. Hoje, Francisco é secretário de Esporte de Mamanguape.
A Folha de São Paulo revelou a existência de três funcionárias fantasmas no gabinete de Motta.
Todas contratadas em cargos de secretário parlamentar, com jornada de 40 horas semanais, proibição de exercer outra função pública e sem necessidade de bater o ponto com biometria na Câmara. Uma mora em Brasília e outras duas em João Pessoa.
Motta mandou demitir 2 das 3 servidoras, Gabriela Pagidis e Monique Magno, após ser procurado pela reportagem em 8 de julho para explicar o caso.
Elas acumulavam o cargo público no gabinete com uma rotina numa clínica de fisioterapia quatro vezes por semana em Brasília e com um emprego na prefeitura de João Pessoa.
Além de empregar três pessoas com rotinas incompatíveis com as funções que deveriam exercer no Legislativo, Motta também já manteve como contratados cinco parentes dessas funcionárias fantasmas.
Fonte: Folha de São Paulo